O presidente do Sporting dá uma extensa entrevista ao diário O Jogo, onde aborda uma grande série de temas, menos, ao que me pareceu numa passagem de olhos superficial, o momento da equipa de futebol e o objectivo actual para a principal competição nacional, agora que acabou a 1ª volta e o clube está a 7 pontos da liderança, tendo o calendário que se conhece.
Poderia fazer uma análise mais detalhada da entrevista, mas não estou para aí virado. Já não vale a pena.
Interessa no entanto, até para ter noção da seriedade do que é afirmado, centrar a pouca atenção que resta numa pequena declaração de Soares Franco, relativa ao processo de recuperação financeira para os próximos 6 meses.
"Facturando, num ano normal, 55 milhões de euros e tendo, de custos, 42 milhões de euros – ou seja, um resultado operacional de caixa de 13 milhões de euros –, o Sporting pode enfrentar uma dívida de 150 milhões de euros."
Não sei o que Soares Franco considera um "ano normal", o que sei é que o Sporting não teve, desde o momento que constituiu a SAD, um "ano normal", tal como ele é assumido pelo actual presidente.
Em termos de receita o Sporting só ultrapassou a barreira dos 40 milhões no ultimo exercício, de uma forma marginal. De resto os lucros ficaram sempre abaixo dos 35 milhões, e isso contando com as receitas extraordinárias relativas à venda de jogadores, que só num dos exercícios não ultrapassou os 5 milhões de euros.
Já os custos parecem ser uma meta possível de atingir, embora só no ultimo exercício o valor tenha ficado abaixo dos 42 milhões avançados na entrevista.
Ora para uma mente tacanha e obtusa como a minha, é dificil conciliar o projectado pelo actual presidente (exercícios com lucro de 13 milhões) em comparação com a realidade histórica do clube (exercícios com prejuízo de 5 milhões, em média. Sim, porque presumo que estes dirigentes não queiram repetir a fórmula dos exercícios com perdas ao redor dos 30 milhões).
É que, ainda atendendo aos números, na melhor das hipóteses o Sporting está em vias de chegar ao "break-even point", o que é muito diferente de se afirmar que existe uma recuperação financeira efectiva, como Soares Franco quer dar a entender.
E sublinho este aspecto, para mim fundamental:
Os resultados incluem as receitas provenientes da venda de jogadores, que são na sua natureza receitas extraordinárias, imprevisíveis e básicamente um dos mais importantes factores para a acentuada descida de qualidade do plantel, com repercussões a todos os níveis, desde o desportivo (o mais importante) ao financeiro, a médio-longo prazo.