sábado, abril 29, 2006

As eleições, os resultados e os sócios

Antes das eleições afirmei noutro areópago que achava difícil SAM ganhar, e que achava difícil FSF ter mais que 70% dos votos. Estimava que GL tivesse uma votação residual (o que veio a suceder), SAM entre 30 a 35%, e FSF entre 65 a 70%. A minha hipótese mais pessimista ainda falhou por 5 pontos percentuais. Tenho de ir aprender a fazer sondagens com o Rui Oliveira e Costa. :)

As eleições poderiam ter resultados positivamente significativos para os opositores à actual (e anteriores da mesma estirpe) Direcção se se verificasse um de dois cenários, admitindo que ninguém esperaria uma vitória de SAM:

- se a lista de SAM elegesse pelo menos 21 elementos para o Conselho Leonino (CL), teria mais de 1/3 dos membros (actualmente 60 ou 61) e poderia bloquear o "plano B" de FSF para a venda do património não-desportivo. Para isso seriam precisos mais de 40%.

- se obtivesse um resultado inferior mas ainda assim FSF tivesse menos de 2/3 nas eleições, este teria de, se quisesse cumprir a sua palavra (que vale tanto como a virtude da Monica Lewinski), apresentar em AG novamente aos sócios a alienação do património nos moldes da anterior AG Extraordinária.

Não tendo acontecido uma coisa nem outra, FSF obteve uma vitória esclarecedora.

As razões são essencialmente duas :

- SAM não era um bom candidato. Era um candidato fraco com uma lista razoável. Poderia ter ganho algo se tivesse havido debates mas, apesar da recusa do grande democrata FSF e de um tratamento menos favorável por parte dos orgãos de comunicação social, foram essencialmente as afirmações por vezes contraditórias ou demasiado agressivas, a falta de fotogenia e telegenia, alguma pobreza de meios (patente no péssimo "site" Internet) e a falta de capacidade de mobilização por parte do candidato (apesar do intenso esforço) que levaram a que nem todos os descontentes com o actual "status quo" votassem em SAM.

- a segunda razão é mais séria. Estou convencido que mesmo que houvesse um excelente candidato, capaz de gerar uma onda de optimismo e confiança semelhante àquela gerada por Sousa Cintra em 1989, FSF ganharia na mesma, embora por uma margem menor. Porque a verdade é que a maioria dos actuais sócios com direito a voto está perfeitamente satisfeita com o "status quo".

Como chegámos aqui não sei. Por acaso notei, quando comecei a entrar pela porta do Estádio junto da Fan Lab, que via a entrar para o jogo cada vez mais cromos (e não falo dos membros das claques) que estariam bem ambientados no campo das papoilas saltitantes: a emborcar cerveja até chegarem aos "stewards", com conversas de mentecaptos e alhadas a torto e a direito mesmo frente a crianças.

A verdade é que muitos dos actuais sócios do Sporting papavam um Vale e Azevedo na maior das calmas. São os sócios que ontem na reportagem da Sport TV diziam que queriam um Sporting "no mínimo Campeão Europeu", ou que acham que o Glórias é que está mal e deve a toda a gente mas ninguém fala nisso. Estavam bem representados na AG do Pavilhão Atlântico, tendo como representante mais próximo um cromo dos seus cinquenta anos que cada vez que o FSF ou um seu acólito acabava uma frase soltava um "E mai nada".

Não vou ao ponto de dizer que todos os que votaram Soares Franco são lampiões ou deveriam sê-lo. A maioria dos 75% votaram nele porque sinceramente acharam que tinha o melhor projecto e a melhor equipa para o Sporting (uma minoria terá achado os menos maus). Que haja tanta gente que, olhando para um Estádio e uma Academia que os nossos rivais têm ou utilizam, e olhando nomeadamente para a nossa performance desportiva, económico-financeira e para o tratamento dado aos sócios, comparam-nas com as dos nossos rivais e acham que a gestão dos últimos 11 anos "até foi boa" ou "foi excelente", peço desculpa, não lhes chamo lampiões mas, respeitando o seu sportinguismo, não consigo orgulhar-me de os ter como consócios, embora não me envergonhem. Falta-lhes capacidade de análise, tão importante para se poderem tomar decisões esclarecidas.

O futuro: não conto deixar de ser sócio do Sporting e, com FSF eleito, tal como o disse antes, espero que consiga cumprir a maior parte das suas promessas, e quem sabe fazer-me dizer no fim que sim senhor, ele (e o co-optado que se lhe irá seguir depois de cumprir a sua missão) fez um excelente trabalho. Mas a confiança que deposito nele é mínima.

Também digo que não vou à próxima AG. Os meus 7 votos vão ficar em casa. Se os sócios deram 75% a FSF nas eleições e tinham dado 64% na AG do Pavilhão Atlântico, facilmente serão atingidos os 50% + 1 voto para passar a decisão sobre alienação do património para o CL. Não vou lá perder tempo e chatear-me.

E acompanharei com curiosidade a evolução da opinião dos adeptos sobre o clube em geral. Nos sócios jovens e nos novos sócios residirá a definição de boa parte do futuro do Clube, ainda que do Clube minimalista que FSF e seus seguidores irão fazer o favor (salvo seja) de nos legar. Espero que num futuro próximo venha a mudar a minha impressão do actual Sporting, que é hoje a de um clube marcadamente lampiónico, tanto a nível de dirigentes como de adeptos.

3 Comments:

Blogger Nuno Moraes Bastos said...

Percebo os argumentos (boa parte não subscrevo) mas discordo em absoluto das conclusões.

Quem se queixa da falta de poderes conferidos aos sócios não deve ficar em casa. Quem não vai lá para se "chatear", terá paciência para ver um jogo em que se pode "chatear"? É fazer pela vida, porque as AG's servem para isso mesmo.

12:03 da tarde, maio 03, 2006  
Blogger El Angel Exterminador said...

Se soubesse que os meus votos poderiam fazer balançar a votação não falharia a próxima AG. Simplesmente não tenho vocação para advogar causas perdidas.

9:43 da tarde, maio 03, 2006  
Blogger El Angel Exterminador said...

A falta de capacidade de análise patente na estupidez com que escreves e comentas assuntos do Sporting não é, felizmente, representativa dos votantes de FSF.

11:59 da tarde, junho 04, 2006  

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