Ao sabor do vento

Parece hoje mais claro que a noticia do Independente de ontem, tal como a sua antecessora do jornal O Jogo de há alguns meses, não era assim tão descabida.

Os mais altos dirigentes do Sporting confirmaram ontem na Batalha, que existe de facto a possibilidade de o Clube se desfazer de algum do patrimonio para equilibrar as contas.

É uma estratégia incompreensivel da parte de quem ainda há pouco mais de 2 anos defendia precisamente a necessidade da sua construcção e exploração como o caminho fundamental para que o Sporting se tornasse independente dos resultados desportivos e fosse capaz de gerar receitas que suportassem a actividade das várias modalidades.

Mas este é o comportamento tipico dos dirigentes do Sporting nos ultimos anos, com escolhas estratégicas de curta duração, que rapidamente são alteradas consoante os erros de gestão se vão acumulando, ao mesmo tempo que o discurso se vai acomodando á realidade virtual em que se tornou a politica geral do Clube.

E o mais triste é que este comportamento tem tido o apoio generalizado de uma maioria de Sportinguistas, confiados que estavam na palavra de meia dúzia de pessoas que, como se tem vindo a provar, estavam de passagem pelo Clube, sem grande vontade de se chatear com o seu futuro, sobretudo se isso implica ter de aguentar a presença inconveniente daqueles que não se calam e exigem responsabilidades a quem tanto prometeu e nada cumpre.

É que, deixem-me recordar aqueles que parecem ter vindo ao mundo com palas nos olhos, foram os dirigentes que lá estão os responsáveis pela opção de construcção das infra-estruturas que fizeram disparar o passivo do Clube para os valores astronómicos que nos estrangulam por completo.

Parece-me que seria de bom senso e extremo rigor que, tendo sido estes os responsáveis pela situação que vivemos, os dirigentes em causa se demitissem e convocassem eleições antecipadas, assumindo desde já que não terão papel nenhum a desempenhar na vida futura do Clube, colocando-se ao mesmo tempo á disposição dos futuros orgãos sociais do Sporting para responderem pela gestão dos ultimos 10 anos.

Aparentemente, demonstrando uma falta de vergonha incrivel, os actuais dirigentes já iniciaram o processo de “limpeza” do passado, tendo como objectivo convencer os Leões mais impressionáveis a virar 180º, seguindo-os num novo caminho que nem eles sabem onde conduz.

Entretanto ficamos todos sem saber quem realmente já beneficiou com a opção de contrucção das infra-estruturas que o Sporting possui e quem no futuro ainda beneficiará com a eventual venda das mesmas.

A continuar assim parece-me que faltarão as árvores em redor de Alvalade (é verdade, esqueci-me que já lá não estão) para pendurar os verdadeiros responsáveis pela situação que atravessamos e que era previsivel acontecesse.

Ainda vai correr sangue no reino do Leão!!!