segunda-feira, janeiro 02, 2006

Entrevista de Peseiro

É o meu segundo "post" substancial neste "blog", e com o mesmo assunto. Nele está contida a minha análise pessoal e reflexão sobre a entrevista de Peseiro n' "O Jogo" de ontem. A dimensão do texto justifica que não surja como resposta ao "post" do Rui, e de qualquer modo atribuo-lhe mais alguma importância que este o fez - é preciso compreender o passado para explicar o presente e construir um futuro melhor (onde é que eu já ouvi isto?! :)).

É indiscutível o tom excessivamente (e injustificadamente) lamuriento da entrevista, e ao longo da entrevista Peseiro diz muitas burradas, nomeadamente sobre a questão do preparador físico e sobre a equipa em estado comatoso que deixou estar a jogar melhor que em igual altura da época passada.

Peseiro omite muita coisa. Se o omite é porque se quer desculpar, se revelasse alguns factos internos do clube, qual Octávio Machado, seria criticado por isso. Mas a verdade é que não consigo encontrar nesta entrevista "sumo" substancial para criticar Peseiro, nem para elogiá-lo.

Um ponto secundário mas que não posso deixar de mencionar: logo no início vem uma frase com a qual concordo em absoluto:

Podíamos ter ganhado a Taça UEFA, estivemos a seis minutos de ganhar o Campeonato, mas a única pessoa em que toda a gente bateu, pelo insucesso, foi no treinador.

Nem mais. Dando de barato que o Glórias fez a merda do costume, recebendo umas ajudinhas da APAF em momentos cruciais, e que os tripas estiveram em baixo de forma, não havia um único sportinguista que no início da época acreditasse que chegássemos à final da UEFA. Depois da perda da final, lá aparecem as luminárias do costume a dizer que a culpa total foi do treinador (algumas culpas teve no cartório), incapazes de reconhecer que este teve muito mérito ao levar a equipa a atingir o palco dos sonhos. E poucos instantes depois essas mesmas luminárias aparecem a dizer que afinal ("convenientemente" nunca se tinham lembrado de o dizer antes) AZ, Feyenoord, Middlesbrough e Newcastle eram todos uma cambada de toscos. Não há pachorra para este género de argumentação.

Um dos verdadeiros cernes não só da questão Peseiro mas, sobretudo e com muito mais importância, de toda a estrutura e gestão do futebol do nosso clube vem neste parágrafo:

Lembrei-me sempre que o Sporting tinha um recurso humano que também é económico. E o mais importante era protegê-lo, até porque, em questões de venda, não haveria uma desvalorização. Eu não posso ser vendido a ninguém, mas o Polga podia. Daí ter dado a protecção que dei ao Polga, e a outros.

Acho que aqui Peseiro resolveu ser bastante politicamente correcto. Que Peseiro é bastante banana é geralmente reconhecido. Agora parece-me também que no tratamento dos casos Polga, Liedson ou Rochemback, para citar os mais conhecidos, houve uma diferença entre aquilo que Peseiro gostaria de ter feito e aquilo que os dirigentes da SAD lhe permitiram fazer.

Já sei que aqui reside uma diferença fundamental de opinião com o Rui: enquanto ele acha (agradeço que me corrija a interpretação se não for a mais correcta) que o treinador tem sempre que cumprir as directrizes dos patrões, eu tenho por mim que, após aceitar o plantel, as condições de trabalho e acordar quais os objectivos a atingir, o treinador, chame-se Peseiro, Paulo Bento, Scolari ou Carlos Manuel, deve durante a época saber exigir autonomia nas suas decisões, independentemente de estas poderem prejudicar os interesses económicos ou "políticos" da SAD (obviamente que não podendo cair em extremos que o tornariam num corpo estranho a quem só restaria a expulsão). Peseiro não soube reinvindicar a sua autonomia, tendo pago por isso e perdido muito do respeito do grupo, que já por si, dadas as suas características de personalidade ("porreiraço"), dificilmente conseguia obter.

Residindo muitos dos problemas actuais do clube e do seu futebol na falta de dinheiro, são a organização, a definição clara de objectivos e responsabilidades dos vários decisores, para além de outros factores "menores", como a união, o esforço, o estudo e a capacidade de negociação, que permitirão construir as bases de um futuro próximo e longínquo bastante melhores. E a verdade é que o Sporting e a SAD para o futebol têm um longuíssimo caminho a percorrer nesse sentido...

P.S.: no que respeita à "tacada" sobre a minha ausência, já no meu "blog" pessoal aludi que até Março estarei afectado pela habitual (nestes últimos meses) falta de tempo. Prometer depois disso regularidade absoluta não posso, mas espero certamente vir a calçar com mais frequência. :)

2 Comments:

Blogger Mike BlitzGreen said...

Tenho para mim k a carreira do sporting o ano passado na taça Uefa foi brilhante e k tem o seu merito mas e ha varios mas , Peseiro cometeu imensos erros ao longo da prova e ai pode se dizer k entre sorte e saber foi se avançando.
Refiro aqui 4 jogos k foram determinantes e em k a sorte nos bafejou. Primeiro e já sem referir o jogo pauperrimo com o Rapid, aquando da fase de grupos fomos para o ultimo jogo aflitos pk em casa com um golo sofrido no 1 minuto o sr.Peseiro nao teve nem arte nem engenho para dar a volta ao texto do banco (como tantas vezes) para se dar a volta ao marcador com o sochaux. Depois já a eliminar no jogo da 1 mao com o Boro quase deita tudo a perder por ter feito sair todos os avancados...de 3-0 para 3-2.
No jogo de Alkmaar idem ....abdicou de atacar numa equipa k nao sabia defender. Por ultimo a borrada da final. Peseiro cometeu erros atras de erros e sacode agora a agua do capote. Enfim vem demonstrar mais uma ver o k é.....um fraco k tem umas ideias engracadas para futebol.

11:15 da tarde, janeiro 02, 2006  
Blogger Rui said...

Angelito,

É já com ansiedade incontrolavel que espero o dia em que faças uma das tuas analises á indumentária do Paulo Bento... :-)

Tens razão neste caso Peseiro, para mim já pouco me interessa discutir a sua passagem pelo Clube, como não me interessa fazer essa discussão relativamente a Boloni... mas reconheço que fica muita coisa por discutir.

Assumo também que para mim o treinador treina e o dirigente dirige... e que, idealmente, deveria existir a figura intermédia do Manager, algo que reivindico há anos. Mas Manager a sério, não quero lá Abreus ou Matos!

7:05 da manhã, janeiro 03, 2006  

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