quarta-feira, outubro 05, 2005

A desilusão Peseiro

Defendi, noutros aerópagos, quase isoladamente, a contratação de José Peseiro quando esta não tinha sido ainda efectivada, e nem sequer aventada. Parecia-me que tinha perfil para alcançar alguns cometimentos ao leme da equipa: estudioso, amante do futebol de ataque, experiência positiva em equipas do meio da tabela na Liga tuga, experiência como adjunto num grande clube (já sei que a qualidade do timoneiro desse grande clube à época é objecto de muita discussão), estudioso, e sem bigode.

Alguns dos seus defeitos foram-se tornando evidentes ao longo da 1ª época:

- não sendo sorumbático como Fernando Santos ou tendo o olhar frequentemente desorientado de Bölöni, a sua postura gesticulativa no banco trouxe uma novidade que a princípio me pareceu refrescante, mas que com o decorrer do tempo veio mostrar outra forma de não conseguir fazer passar as suas idéias e as suas ordens para dentro de campo. Tenho muitas dúvidas em relação à validade da teoria de quem acha que o irrequietismo do mister se traduza em intranquilidade da equipa. A verdade é que, até ao jogo com o Setúbal desta Liga, raras vezes (não me lembro de nenhuma) me parece que a equipa tenha revelado falta de tranquilidade na generalidade dos jogos (falta de concentração, falta de ambição e falta de pernas sim, mas isso são contas de outro rosário).

- o seu discurso nas conferências de imprensa e em entrevistas de fundo não é inacreditavelmente subserviente como o de Bölöni ou enfadonho e oco como o de Fernando Santos, mas a verdade é que espremido não resulta grande coisa, e em "mind games" como os de Mourinho, Peseiro não é sequer aprendiz.

- a "ausência do plano B" foi evidente ao longo do ano passado. Embora tendo virando bastantes resultados, raramente isso resultou de substituições ou de mudanças tácticas efectuadas ao longo do jogo.

- Peseiro não se faz respeitar. Aí o contraste com Mourinho ainda é mais evidente. Para tanto também contribuíu e muito a acção da SAD, dirigida por tipos que percebem tanto e se interessam tanto por futebol como eu por tricot, e que se preocupam essencialmente em gerir activo$, e muito menos em criar exemplos e linhas de orientação no sentido de criação de uma ética de trabalho no futebol do clube que assegure um ambiente saudável com consistência e regularidade, a menos que o treinador seja um banana sem remissão (Peseiro não o é, e cabe à SAD não contratar outro Carlos Manuel).

A forma como Peseiro viria a definir o seu futuro no Sporting dependeria de saber sublimar as suas qualidades e minorar os seus defeitos. O ano passado a equipa praticou um futebol atractivo e por vezes espectacular e fez-nos viver momentos memoráveis. Ao falhanço da táctica de contenção adoptada no fatídico Benfica-Sporting para a Liga do ano passado, Peseiro respondeu com estatísticas do jogo completamente vácuas. Um Sporting atacante e com Douala em boa forma numa das extremas só por muito azar teria perdido aquele jogo, a culpa do treinador foi total por ter jogado para o empate. O choque psicológico daí resultante reflectiu-se na equipa, sendo, juntamente com os reflexos de uma época fisicamente muito desgastante, largamente responsável pelo resultado de outro fatídico jogo, a final da UEFA.

No início desta época Peseiro deu uma conferência de imprensa cuja transcrição li n'"O Jogo" e que poderia classificar de brilhante. Explicou claramente o que pretendia da equipa este ano, e que iria adaptar a forma de jogar da equipa com a ajuda dos novos reforços. Um acto corajoso, e assumido a pensar nos melhores interesses do clube.

A eliminação na Liga dos Campeões face à Udinese era desculpável. O que já não consigo engolir é vir Peseiro a posteriori vir-se justificar dizendo que tivemos azar no sorteio. Pensei que a partir daí , ultrapassando o Halmstad e permanecendo perto da frente da classificação da Liga, ainda que as exibições não fossem as mais convincentes, Peseiro poderia completar o processo de adaptação do jogo da equipa e produzir resultados positivos, de preferência traduzidos em troféus. O que se sucedeu foi uma série de exibições lamentáveis e uma eliminação vergonhosa e sem remissão por uma equipa medíocre, ao que rezam as crónicas grandemente facilitada pela sobranceria da equipa. E o acumular de casos de indisciplina, lesões e evidência da deficiente preparação física da equipa, e sucessivas penosas demonstrações da desorientação do treinador. Na noite da eliminação, o mais tardar no dia seguinte, Peseiro teria que ter apresentado a demissão. Os resultados justificavam-no, mas é sobretudo a ausência de perspectivas reais que ele possa vir a dar a volta ao texto que tornava essa atitude imperiosa. O "tempo de reflexão" adoptado pela SAD virá a revelar-se tempo perdido em que teremos a tentar dirigir a equipa um "zombie", e isso, mesmo perante as pouco animadoras alternativas que se perfilham para o cargo, não pode dar bons resultados.

Este texto destinou-se a analisar o trabalho de Peseiro. Obviamente que ele tem que ser inserido num contexto (primariamente do clube e da SAD, co-responsável pela constituição do plantel) que só "en passant" foi aflorado, mas para trazer para a frente da fotografia tal contexto, haverá outras oportunidades.

3 Comments:

Blogger Mike BlitzGreen said...

o ridiculo do jogo em paços explica tudo

3:54 da manhã, outubro 06, 2005  
Blogger Rui said...

Sr. zecasco,

Lá em sua casa pode dizer as caralhadas que quiser, na nossa casa só nós temos o direito de as dizer.

Se não gosta não nos visite, que não faz cá falta nenhuma.

8:31 da manhã, outubro 08, 2005  
Blogger Mike BlitzGreen said...

zecascalho nao ker k eu lhe diga umas verdades sobre a sua maezinha e o seu aparecimento pois nao? entao feche a boca pk o mau cheiro é terrivel e nauseabundo.
Saudaçoes Leoninas

12:58 da tarde, outubro 08, 2005  

Enviar um comentário

<< Home