quinta-feira, outubro 20, 2005

Mudar mas pouco

Pelo que transpirou cá para fora das reuniões ontem efectuadas, quer o Conselho Directivo, quer o Conselho Leonino, aprovaram por unanimidade a cooptação de Filipe Soares Franco, pelo que o novo Presidente do Sporting tem toda a legitimidade para assumir o comando das operações neste momento conturbado da vida sportinguista.
A figura de Filipe Soares Franco não é no entanto consensual entre os sportinguistas. Pela minha parte inicialmente tinha uma impressão positiva do homem, que no entanto se foi esbatendo ao longo dos anos, na sequência de algumas intervenções suas menos felizes.
Julgo poder já tirar algumas conclusões das suas primeiras declarações que indiciam uma clara inversão na gestão do futebol, quando afirmou que Carlos Freitas foi um quadro da empresa muito útil e que se houver possibilidade, vai com certeza equacionar o seu regresso.
Ao dizer isto dois dias depois de Paulo Andrade ter implicitamente apontado o dedo a Carlos Freitas como um dos geradores da instabilidade vinda do exterior, de que tanto ele como Dias da Cunha se queixaram, Soares Franco revela que uma grande confiança no ex homem forte do futebol sportinguista, ao mesmo tempo que ficam à vistas os motivos que o levaram a afastar-se da SAD, onde no final da temporada passada vingaram as opiniões de Paulo Andrade que depois de um ano de tirocínio julgou-se capaz de assumir o comando do futebol sportinguista, com a cobertura de Dias da Cunha. No entanto o ex Presidente da FPT falhou, muito por culpa de Peseiro, em quem delegou todas as responsabilidade na construção do plantel, mas também porque revelou não ter estômago para aguentar as réplicas dos maus resultados, nem o minimo conhecimento sobre o funcionamento dum grupo tão complexo como é uma equipa de futebol profissional.
Abriu-se assim o caminho para o regresso daqueles que terão sido afastados depois do infeliz final da temporada passada.
Carlos Freitas é uma figura um pouco enigmática, que tem fugido sempre dos holofotes Comunicação Social, mas cujo trabalho no Sporting eu considero globalmente positivo, embora os zunzuns que se vão ouvindo por aí sobre a sua personalidade tenebrosa, que terá levado ao seu afastamento e dividido o balneário verde branco, onde parece ter muito peso, me façam levantar algumas reticencias em relação a este regresso, principalmente porque não convinha nada que uma futura Direcção resultante das próximas eleições, venha a encontrar o terreno já minado, ou se tenha se sujeitar a quem já está instalado.
Voltando às primeiras declarações do novo Presidente sportinguista, foi sem surpresa que ele afirmou que não vai haver mudança de estratégia em relação às questões financeiras, o que explica que Rui Meireles tenha passado incólume por esta crise.
Sendo assim a questão do do novo treinador fica logo limitada a soluções baratas, que não podem ir muito além do trocar seis por meia dúzia, ou optar por um salto no escuro, que é o que na realidade parece que vai ser feito, com a aposta em Paulo Bento, um dos poucos resistentes do grupo dos saneados do último defeso, provavelmente posto a salvo pelo facto de estar no futebol juvenil e pelo titulo conseguido com a equipa que orientou.
Esta é uma solução que eu apenas aceitaria se as eleições fossem já a seguir, ficando um homem da casa a orientar a equipa até à chegada da nova Direcção lá para Dezembro.
Assim parece-me muito arriscado, até porque Paulo Bento há dois anos atrás era colega de muitos dos jogadores que agora vai comandar e é mais do que sabido que este não é um grupo unido e que o ambiente que se vive no balneário é tudo menos saudável, pelo que conforme já afirmei outras vezes, na minha opinião a solução quase única nesta altura seria Camacho, um homem de voz grossa, respeitado, conhecedor do nosso futebol, competente e capaz de aceitar um contrato de 7 meses.
Não há dinheiro dirão os defensores desta opção miserabilista, pois oxalá ela não nos saia muito cara, digo eu.
Mas oxalá esteja eu enganado e Paulo Bento fique para a história como um tiro certeiro e que muitas alegrias nos proporcione.
Para finalizar não queria deixar de fazer notar que Soares Franco entrou no cortejo de bajuladores de Ribeiro Telles, deixando no ar que gostaria que fosse ele o terceiro elemento da SAD, coisa em que evidentemente não acredita, até porque é obvio que o "D. Sebastião" do Sporting não se vai comprometer tão cedo. Resta saber quem irá completar o elenco administrativo da Sociedade.
Em suma rolaram algumas cabeças, mas tudo indica que o Sporting vai continuar a marcar passo, pelo menos até ás eleições que ao que tudo indica, só virão lá para Maio ou Junho próximos.

2 Comments:

Blogger Rui said...

Tó,

Tem legitimidade legal e quase só isso, o que não quer dizer que não seja importante, mas e aquilo que o sócio e adepto comum pensa, não vale nada?

Creio que perante o que aconteceu, a legitimidade legal destes dirigentes não é suficiente.

Além disso fica para saber o que leva um tipo como FSF a "demitir-se" do seu trabalho no Sporting, para passados poucos meses estar de volta.

E uma vez que parece que quer trazer o escolho de volta, fica a questão:

- Foi o Cunha "violentado" por FSF e a corrente (se existe) que este representa?

São lutas internas de poder que se repetem e como sempre quem paga é o Clube.

PS. Curioso que na ultima revolução directiva, com a luta entre Duque e Roquette, tinhamos como pano de fundo um processo eleitoral no país.

5:46 da tarde, outubro 20, 2005  
Blogger Rui said...

Caro visi,

Para com os "restos" da anterior administração não há beneficio de dúvida.

Este é o homem que há poucos meses afirmou que preferia um clube sem sócios e sem modalidades.

Anda lá há tanto tempo como o outro, é mais do mesmo noutra linha.

As eleições deviam ser já, não daqui a 7 meses.

9:46 da manhã, outubro 22, 2005  

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