quarta-feira, outubro 19, 2005

Momento de definições

Dias da Cunha finalmente aceitou a demissão de José Peseiro, embora ao que parece apenas porque este, numa atitude de grande dignidade, se revelou intransigente na sua intenção de abandonar o Sporting, ao compreender que não tinha condições para prosseguir.Tudo indica que o Presidente do Sporting ao sentir-se violentado pelos últimos acontecimentos e por este desfecho, admite também ele abdicar do seu lugar, situação esta que irá depender muito do que se passar hoje à noite na reunião das cúpulas leoninas, donde a não ser que se verifique uma improvável onda de apoio ao Presidente, este tirará as devidas conclusões, que só podem levar à sua demissão.E aqui vão surgir duas correntes, uma que defende a realização de eleições antecipadas, outra apoia uma solução de transição que permita que esta Direcção termine o seu mandato.Este último cenário está dependente de Filipe Soares Franco, que poderá ou não ver nesta situação uma oportunidade de chegar à presidência do Sporting, embora tudo indique que ele já desistiu desse objectivo e que não quererá arriscar-se a pegar num clube a atravessar uma profunda crise, ainda por cima tendo ele próprio alguns anticorpos lá dentro. Mas aqui entra a questão dos avales, que ele também assinou, pelo que com a saída de Dias da Cunha poderá ver-se quase forçado a avançar.Por tudo isto eu acredito que as eleições antecipadas são inevitáveis, embora a própria oposição pareça totalmente impreparada para assumir os destinos do clube, e em boa verdade nem sequer haja quem tenha um projecto alternativo à linha que tem sido seguida nos últimos anos, centrando-se as divergências apenas em relação à forma como esse projecto deve ser posto em prática e não na sua essência, baseada no rigor financeiro, na aposta na formação e numa postura de seriedade e transparência pouco habituais no nosso futebol.Só assim se compreende que todos os candidatos a candidatos à sucessão de Dias da Cunha arrefiem ambos os olhos a Miguel Ribeiro Teles, que aparece assim como uma espécie de D. Sebastião de quem todos esperam um gesto de apoio, que ele prudentemente continua a guardar sob o pretexto de que ainda é muito cedo para falar de eleições, algo que até poderá deixar de ser uma realidade já hoje.Outro apoio importante é o dos Bancos, ainda anteontem Dias Ferreira dizia que eles devem trabalhar é com o Sporting e não com este ou aquele dirigente, revelando alguma incomodidade em relação à forma como numa futura Direcção do Sporting terá de lidar com a camisa-de-forças onde o Clube parece estar metido.Em conclusão eu diria que não há alternativas ao actual "Projecto" o que no fundo só confirma que afinal ele não é assim tão mau como alguns o pintam, pelo que venha quem vier, vai continuar entalado em dificuldades financeiras resultantes de acordos com os Bancos, que obviamente limitam a gestão desportiva da SAD onde se exige muita habilidade e conhecimentos daí que o nome de Ribeiro Teles apareça na boca de todos os que se perfilham como candidatos à Presidência do Sporting, resta saber o que é que este pensa sobre o assunto, isto é se vai aceitar regressar à SAD numa lista liderada por um Dias Ferreira ou um Ferreira da Silva, se vai ele mesmo avançar como candidato quem sabe se com um Luís Duque na SAD, ou se simplesmente se vai manter afastado limitando-se a apoiar este ou aquele ou até mesmo recusando-se a fazê-lo publicamente. Uma coisa é certa quem contar com o apoio deste homem arranca à frente.