quarta-feira, janeiro 04, 2006

Voltar ás origens?

Desde que me lembro, a partir dos inicios da década de 80, o jogo ofensivo do Sporting assentou geralmente num meio campo forte, baseado em progressão rápida com trocas de bola ao primeiro toque, mas com passes de média/longa distância, num estilo de contra ataque sustentado.

Durante anos esta foi a imagem de marca do jogo do Sporting, que se diferenciava do jogo demasiado rendilhado, meio brasileiro, do benfica, e do estilo “kick & rush” do porto, assente no rigor defensivo e em 2/3 homens rápidos na frente, sobretudo a partir do momento em que perderam Fernando Gomes e até chegar Mário Jardel.

Claro está que estes sistemas não eram rigidos, mas creio que as descrições (superficiais) que deixei são as que melhor caracterizam o estilo adoptado pelas três equipas durante alguns anos, sobretudo no periodo 1983/1994.

Em relação ao que interessa, o estilo do nosso Sporting, acostumei-me a vê-lo jogar acima de tudo com o recurso ao talento a meio campo, ás vezes com gente nas alas (Silvinho, Silas, Amunike ou Figo mais á frente, João Luis, Marinho ou Fernando Mendes mais atrás, Mário Jorge á frente e atrás), mas sobretudo apelando á imaginação e flexibilidade dos homens mais ofensivos, o que explica quanto a mim o “semi-insucesso” dos homens de área desse periodo, ainda que Cascavel ou Cadete tenham logrado o titulo de melhores marcadores do campeonato... fruto básicamente da sua capacidade “comando” atrás das defesas, porque jogo para os matadores foi coisa que sempre rareou em Alvalade.

Nos tempos mais recentes, a saída de Jardel e a alteração do sistema para um avançado apenas, com a entrada de Liedson (depois do mesmo tipo de utilização com Acosta), avançado com outro tipo de movimentação, sem tanta necessidade de apoio, levou a que o Sporting, sobretudo na era Peseiro, voltasse a utilizar o “velho” estilo, desta vez assente em Rochemback em vez de Douglas (ou mesmo Oceano), Barbosa no papel de Carlos Manuel ou Balakov, e Hugo Viana como Xavier.

Até a opção de não se jogar pelas alas é semelhante, embora no passado, apesar da irregularidade, termos tido laterais muito mais ofensivos, que emprestavam alguma profundidade ao jogo atacante.

Não sei se Peseiro alterou o seu esquema táctico devido ás criticas, por vontade própria ou por ter ficado sem jogadores para o executar (o que tanto pode ter sido escolha sua como imposição, não o deixou absolutamente claro), mas a verdade é que a implementação do novo sistema se revelou catastrófica.

Agora, com a chegada de Romagnoli, a saída de Wender e o “afastamento” de Douala, tudo parece indicar que Paulo Bento, um homem que já a dirigir os Júniores deu a entender que preferirá mais jogo a meio e um menor aproveitamento das laterais, optará pelo tal regresso ás origens, com a aposta numa quadra (pelo menos) de meio campo composta por Custódio, Romagnoli, Nani e Moutinho (nomes mais provaveis), com recurso ainda a Alves, Martins ou Sá Pinto.

Ficam-me no entanto uma série de dúvidas a esclarecer no mais curto espaço de tempo:

- Podemos assumir que a previsivel aposta em Abel terá continuidade do outro lado da defesa com André Marques?
- O facto do meio campo do Sporting ser tão macio e pouco dado a tarefas defensivas não preocupa Paulo Bento?
- Vamos jogar com Liedson sózinho na frente, com acompanhamento de outro avançado (que não Deivid, porque está mais que visto que os dois não “casam”) ou apoio directo de Romagnoli?

Resumindo... para a reedição dos “meios marca registada” necessitamos um homem com força para a posição 5 e laterais ofensivos, mas que sejam rápidos a recuperar na defesa, se quisermos jogar com dois avançados.

Podemos compensar com o recuo de Moutinho (embora reduzindo a sua eficácia) e com a entrada de mais um elemento para o meio, fazendo avançar Romagnoli ou Martins (ou mesmo Sá Pinto, algo que não me agrada nada) jogando só com um avançado.

Tem a palavra o Mister.

Serenity Now... Insanity Later!!!

2 Comments:

Blogger Sociedade said...

Parece-me que o Sporting de facto rende mais em 451. Não tanto pela análise das épocas que referes, mas pelos 2 campeonatos ganhos em 2000 e 2002.

Há, no entanto, um facto que a meu ver é indesmentível: quando fomos campeões, a equipa teve a "liderar" um dos melhores jogadores do mundo desses tempos: Schmeichel e Mário Jardel.

Também não deixa de ser importante o papel dos todo-terreno no centro do campo, coisa que agora, pela fraca experiência, não temos.

Independentemente das lutas que devem ser travadas fora das 4 linhas, em prol da verdade desportiva, sem grandes ovos não se fazem omeletes deliciosas.

Caneira e Romagnoli poderão ser os que faltavam.

2:50 da tarde, janeiro 05, 2006  
Blogger Rui said...

Pois olha que eu vi futebol superior no meio campo no periodo que referi que propriamente em 2000 ou 2002.

Nestes 2 anos tivemos sobretudo uma EQUIPA (especialmente em 2000), mas o futebol apresentado era, quanto a mim, inferior ao praticado nos anos anteriores que mencionei.

8:08 da tarde, janeiro 05, 2006  

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