sexta-feira, setembro 08, 2006

Justiça

Apenas um homem em Portugal tem, à luz das noticias dos ultimos dias e das de hoje, que comprovam a existência de tráfico de influências beneficiando os maiores clubes nacionais (com o Sporting até ao momento de fora do barulho), elevação moral para comentar este assunto. Dias da Cunha!

Durante anos o ex presidente do Sporting tentou combater esse estado de coisas, muitas vezes com estratégias erradas, outras mais com atitudes, comportamentos ou comentários despropositados, mas sempre assumindo a "guerra" e mais importante ainda, nomeando claramente os principais responsáveis.

Foi vitima da chacota geral, que mais tarde se viria a alargar a muitos adeptos do seu clube, eu incluído.

Não nego que desaprovo muitas das condutas de Dias da Cunha e ainda o considero o pior presidente do Sporting, um dos grandes responsáveis pela situação a que o clube chegou e pela qual passa.

Mas como procuro ser justo, dentro das possibilidades, não quero deixar passar o dia sem fazer este sublinhado, que se justifica ainda mais quando alguns, que até ao dia de hoje procuravam dar a ideia que a regeneração do futebol passava por eles, e que ninguém teria tido a coragem de ir mais além.

Há dois anos Dias da Cunha nomeou na televisão quem eram para ele os rostos por trás do "sistema", palavra que tão glosada foi desde adeptos, passando por jornalistas e comentadores e acabando em dirigentes.

De forma clara apontou Pinto da Costa e Valentim Loureiro, que pouco depois seriam envolvidos no escândalo "Apito Dourado".

Hoje à hora do almoço o presidente do Benfica, com aquela pouca vergonha que lhe é reconhecida, veio uma vez mais fazer o papel de vitima, assumindo novamente o lugar de paladino da verdade e justiça desportiva, ainda que pelas suas próprias palavras, tenha assumido que, embora erradamente, a "discussão" à volta da escolha dos àrbitros fosse uma politica normal no futebol em Portugal.

Claramente, apenas e só Dias da Cunha tem a integridade moral para ser "eleito" a figura que mais contribuíu para a limpeza do futebol nacional e que mais pugnou para que essa fosse uma realidade.

Não sei se vai acontecer, não posso avaliar o futuro, mas hoje, reportando-nos apenas ao que é conhecido, creio que Dias da Cunha deveria, mesmo se afastado do cenário, ser referido unânimemente por todos os que se lembrarem de comentar os ultimos desenvolvimentos, reconhecendo-lhe um mérito que mais ninguém tem.