domingo, outubro 01, 2006

Um futebol diferente

A estreia de um relvado artificial na Liga dos Campeões foi apadrinhada pelo Sporting na ultima deslocação a Moscovo.

Fui apanhado de surpresa pois nem sabia que o estádio Luzhniki, um dos estádios 5* da UEFA, tinha substituido a relva natural por aquele tipo de piso.

É óbvio que o futebol jogado num piso artificial é bastante diferente daquele jogado em relva natural, e sê-lo-á sempre, mesmo com a constante evolução dos pisos sintéticos.

Não sei se será melhor ou pior, não sei se uma futura opção por este tipo de piso, que parece ser uma aposta forte da UEFA, se traduzirá numa melhoria em termos de gestão global do futebol, incluindo as questões económicas que lhe estão subjacentes.

Acho no entanto estranho que a UEFA e/ou a FIFA, que se insurgem contra a utilização de novas tecnologias para auxilio da arbitragem por entenderem que isso desvirtua o futebol, e que fazem da luta pela igualdade competitiva um dos mais importantes principios da sua gestão (a nível publico pelo menos), que no passado elegeram como medida fundamental para defesa do bom futebol a obrigatoriedade deste ser jogado apenas numa superficie, eliminando os antigos pelados e fazendo com que os clubes disputassem as várias competições em termos de igualdade, permitam e incentivem hoje em dia o aparecimento dos relvados sintéticos.

É a própria UEFA que reconhece que é necessária uma mentalização especial para adaptação ao piso, o que mostra claramente que não é com dois ou três treinos que uma equipa habitualmente utilizadora de relvado normal se adapta a esta nova realidade.

Ora isso traduz-se objectivamente num benefício para as equipas que já utilizam os relvados sintéticos, que só seria anulado se hipotéticamente metade das equipas de uma determinada competição utilizassem a relva natural e a restante metade a relva artificial, ou então que todas as equipas utilizassem um piso ou outro.

No fundo esta é apenas uma incoerência mais dos orgãos que tutelam o futebol, muito semelhante à que permite, nas competições sul americanas, as equipas da Bolivia (sobretudo estas) disputarem os seus jogos na altura (no caso das equipas de La Paz a mais de 3.600 mts de altitude), aproveitando esse facto para obter um benefício extra desportivo em relação aos seus adversários.