sexta-feira, março 09, 2007

A LISTA

O que ganham os profissionais do Sporting.

Como sempre vejo o tema tratado sobretudo com irracionalidade, sem muita objectividade, e falhando, quanto a mim, a conclusão óbvia, que também é aquela que mais interessa... a politica de contratações dos últimos tempos tem falhado em quase toda a linha. Desportivamente e também financeiramente.

Começo pelas considerações de ordem ética, que tantas criticas levantaram, devido à publicação de informação privada.

Não entendi a finalidade da publicação, sou sincero. Ainda se fosse para suportar um tipo qualquer de análise profunda sobre os problemas que afectaram a época leonina, ainda entendia, agora a simples publicação da lista em si, do ponto de vista do meio que a publicou, tem pouco interesse, apenas o que decorre da publicidade alcançada. Pouco para quem prometeu uma atitude diferente quando chegou ao mercado.

E ainda que sendo importante como suporte para algumas criticas à gestão desportiva/financeira, que de outra forma seriam sempre entendidas como infundadas ou pouco sérias, acho que qualquer um de nós gostaria que as verbas relativas aos nossos vencimentos não fossem divulgadas ao público em geral. É uma questão de dar valor à privacidade individual, que é um dos mais básicos direitos que temos.

Isto aplica-se naturalmente a qualquer das equipas do campeonato, o que quer dizer que, ao contrário de falsos moralistas, que afirmam que para ser justo deveriam ser publicados os valores de todas as equipas, eu acho que não deveria ser publicado nada.

Aproveito para comentar também a teoria da desestabilização do balneário, que é outro factor utilizado, sobretudo pelos dirigentes do Sporting, para justificar o aparecimento da lista.

Ora acho que seria mais produtivo, até porque existem canais de comunicação com a empresária Ana Almeida, perguntar-lhe porque razão o seu advogado entregou o documento ao Sportugal, tal como já antes havia feito o mesmo com o despacho do apito dourado.

E não dar demasiada importância a esta questão da desestabilização, porque para o fazer havia que lembrar o que Peseiro tem repetido nos últimos meses acerca do papel de uma série de gente durante o período final da sua estadia em Alvalade, e algumas dessas pessoas até foram identificadas (Freitas, Barbosa ou Custódio, para lembrar alguns).

Passemos então ao que de mais importante se pode perceber dos valores constantes na tabela salarial do Sporting.

Não vejo grande motivo para tantas criticas, excepção feita a um ou outro caso mais evidente. O salário de Ronny é obsceno, e o pagamento de parte do salário de Pinilla idem, assim como o de Loureiro. E as verbas para os dois juniores estrangeiros são também muito elevadas.

Já o que se paga a Wender não me choca, sobretudo se imaginar-mos que Paulo Bento não contava com o jogador e o risco de ficar no plantel com um homem a ganhar à volta de 50 mil euros/mês era um risco efectivo.

O pior desta questão toda é que existem vários "Wender's" no plantel, quase todos a ganharem verbas espantosas, sem dar em troca rendimento que se veja.

Os vários níveis de vencimentos do grupo estão bem escalonados, com os jovens na base da pirâmide, independentemente do seu valor de mercado, com um nível correspondente ao grosso do plantel logo a seguir, jogadores já de algum relevo no nível seguinte, e depois os jogadores que se deveriam constituir no verdadeiro suporte da equipa, titulares indiscutíveis e internacionais pelos seus países.

Esta distribuição parece-me correcta, embora como já venho a defender ao longo dos últimos anos, ache que se paga demasiada quantidade em detrimento de qualidade.

O problema que salta à vista é o fraco (miserável estaria mais adequado) rendimento obtido daqueles a quem se paga melhor e de quem se esperaria fossem a locomotiva deste Sporting.

É que Bueno e Alecsandro juntos não fazem metade de um Liedson. Mas ganham mais.

Da mesma forma que Romagnoli e Farnerud valem 30% de um Moutinho, e no entanto neste preciso momento recebem 3 vezes mais.

E juntando Custódio, Paredes, Alves e Martins não se chega a obter 75% de um Rochemback, no entanto aquilo que levam para casa chegaria provavelmente para pagar o vencimento do brasileiro.

Quantidade em vez de qualidade. Oito jogadores que, com a excepção de Bueno e Custódio (e mesmo assim!), quase não entram na equipa e, por via disso, não contribuem para o rendimento desportivo. Mas pesam, e de que maneira, no orçamento financeiro!

Pesam de tal forma que, fazendo umas contas por aproximação, estes oito juntos ganham num ano mais de 5 milhões de euros, a mesma verba que os bancos exigem ao clube e que obrigou à venda do património não desportivo.

Pergunto, gestão racional?

Onde?