sexta-feira, março 16, 2007

PAGAR A DÍVIDA

Para que se diga de uma equipa que é boa, não basta uma vitória pontual com um adversário mais forte (Inter), uma cabazada das antigas numa noite feliz (Nacional) ou um percurso interessante de um ano sem conhecer a derrota fora de portas.

Uma equipa é boa quando coloca regularmente em campo a sua qualidade, quando ultrapassa os adversários sem margem para dúvidas e quando vence títulos. E só merece que se diga que é mesmo boa quando faz tudo aquilo de forma continuada e ao longo de várias épocas.

Esta equipa do Sporting (por esta refiro-me à era Paulo Bento) arrancou de forma muito interessante, ultrapassando as dificuldades em que se colocou no início da época passada sob o comando de Peseiro, baqueando apenas no jogo decisivo contra o Porto em Alvalade.

Das três premissas enunciadas, cumpriu a primeira... colocou em campo, de forma regular, a sua qualidade. Não ultrapassou um dos adversários sem margem para dúvidas nem ganhou nenhum título, mas alcançou o objectivo mínimo expectável, estabilizando o seu jogo e conquistando a entrada directa para a Champions.

Não foi muito, não foi o suficiente para dela se dizer que era uma boa equipa, mas deu uma indicação importante para se desejar que com a natural evolução esse objectivo viesse a ser alcançado.

E o arranque da actual temporada parecia querer suportar essa ideia. Boa pré-temporada, com algumas vitórias interessantes, melhor início de época, com entradas de leão na Liga portuguesa e na Champions.

Mas a energia não durou muito, e sobretudo a partir da derrota caseira com o Benfica a equipa entrou em perda, de resultados mas também de uma certa ideia de evolução no trabalho técnico, que se repercutia na sensação de que a equipa sabia como devia jogar para alcançar os seus objectivos.

Hoje em dia o crédito alcançado através do trabalho efectuado na 2ª volta do campeonato anterior já se perdeu. A evolução que se pretenderia sofreu um corte abrupto no início de Dezembro e desde então espera-se que o Sporting inicie um novo ciclo, algo a que o clube já se acostumou, ou não fosse a sua história feita de pequenos ciclos que, geralmente por incapacidade própria, nunca se transformam naquilo que suporta a ideia de uma boa equipa.

É certo que o que aí vem é complicado, com visitas aos mais directos adversários, a começar já com a deslocação ao Dragão. Mas se esta equipa do Sporting quer ser considerada com uma boa equipa (ou a melhor de Portugal, como há algum tempo Miguel Veloso admitia), então o que há a fazer é arregaçar as mangas e ir buscar vitórias concludentes a todos esses terrenos.

Se a equipa conseguir voltar a apresentar um futebol sólido, vencer os desafios com os seus adversários directos, alcançar a entrada directa na Champions e conquistar a Taça de Portugal, então pode assumir-se estarmos a assistir ao início de um novo ciclo. Dependendo do que for alcançado no final da próxima época, até se poderá dizer que a equipa do Sporting é uma boa equipa, talvez se chegue mesmo ao ponto de poder dizer que é a melhor de Portugal.

Agora não sendo assim...