Os grandes desafios de José Peseiro

Tive a oportunidade de ler algumas entrevistas que José Peseiro deu durante a pré época que confirmaram a opinião que fui formando sobre ele ao longo dum ano.
O nosso treinador não é propriamente um génio e nunca vai ter o carisma que define os grandes líderes, nem a capacidade de aglutinar o seu grupo e as massas que à volta dele se deslocam. Mas nem todos os Josés são Mourinhos, por isso estamos a falar apenas dum gajo porreiro, qualidade que nem sempre assenta bem num chefe, que no caso é um homem de origens humildes que subiu a pulso desde as divisões secundárias até a um Clube enorme como o Sporting, onde estar perto de ganhar é apenas perder, e perder é uma palavra maldita para os sportinguistas.

Voltando ás entrevistas, elas revelam um treinador com a humildade de reconhecer os seus erros e a capacidade para diagnosticar com acerto os pontos onde a equipa falhou, ou seja a permissividade defensiva e a falta de alternativas para o 4x4x2 eleito como sistema de jogo e que muitas vezes se revelou impotente para ultrapassar as defesas melhor organizadas.

Peseiro reconheceu também que por vezes revela uma excessiva intranquilidade no banco e até que se calhar lhe faltou por vezes firmeza para manter a disciplina, embora aqui assumindo a defesa do seu estilo, talvez por saber que nunca vai ser um duro, mas acima de tudo revelou vontade de corrigir o que esteve mal, só que nem sempre é fácil passar das palavras aos actos, e se a exclusão de Polga do primeiro jogo do campeonato, revela uma elogiável vontade cortar a direito com os actos de indisciplina, que aliás Paulo Andrade já tinha anunciado, o resto parece que não mudou muito, porque os acertos no plantel estão longe de permitir grandes progressos.

As dispensas parecem ter sido acertadas, mas essa era a parte mais fácil. Mais complicado é contratar, e principalmente contratar bem, ainda por cima quando não há dinheiro.
Assim se Loureiro e Edson ainda estão por se confirmarem como reforços capazes de darem outra consistência defensiva à equipa, embora eu acredite que o são, já a saída do nosso melhor central não foi colmatada com o necessário patrão da defesa, e depois vamos continuar a levar com as brancas do Ricardo, em vez termos um guarda redes capaz de fazer a diferença.
É por isso que o nosso técnico já assumiu que esta equipa vai continuar a ter dificuldades em manter as suas balizas intocáveis durante 90 minutos

Por outro lado o treinador continua à espera do desejado extremo esquerdo, e portanto as dificuldades perante os agora famosos autocarros, como o da Udinese, vão continuar, restando ainda saber como vai evoluir a nova dupla de ataque, onde me parece que o rendimento de Liedson vai estar longe do que foi, enquanto a adaptação de Deivid ainda é uma incógnita.

Ou seja Peseiro detectou os problemas mas não lhe deram os meios necessários para os resolver, o que parece ser já uma sina deste Sporting, onde o próprio Presidente apesar de ter reconhecido que é necessário alguém capaz de fazer a coordenação da área da formação com a do futebol profissional, continua a não dar esse passo fundamental que é o avanço para a figura dum Director Técnico.

Voltando ao treinador e ao plantel, aqui entra a minha mania de me armar em treinador de bancada, e aproveitando para elogiar a decisão de Peseiro em encostar Douala aos flancos, eu diria que a solução ideal para potenciar este plantel tal como está, passará por dar maior liberdade e amplitude de movimentos a um lateral, que no nosso caso deverá ser o esquerdo, pois Edson e mesmo Tello são capazes de o fazer, obrigando o outro Rogério ou Garcia a uma postura mais cautelosa, ficando um trinco Custódio ou Loureiro, nas costas da dupla Rochemback/Moutinho a quem caberá a missão de levar a equipa para o ataque, onde Douala ocuparia o lado direito no apoio aos dois avançados.
Parece-me que temos matéria-prima para jogar neste esquema e até opções no banco que para todos os lugares como sejam e para além dos já referidos, Martins e Sá Pinto para o meio campo Pinilla e Varela para o ataque ou Nani para o lado direito.
Passo a palavra ao nosso José e não cobro nada.

PS- Peço desculpa ao Rui que teve a amabilidade de me convidar para colaborar neste espaço pela minha pouca assiduidade, mas conforme na altura lhe expliquei e aproveito para agora para dizer a todos os que gostam de passar por cá, que pelo menos até ao fim de Setembro os meus tempos livres vão estar quase na totalidade direccionados para um projecto pessoal em que estou empenhado, mas se tudo continuar a correr bem, prometo que lá para Outubro serei mais participativo