segunda-feira, agosto 15, 2005

A Udinese e o futuro próximo

Este é o meu segundo "post" neste "blog". Se serve de algum consolo, o meu "blog" pessoal tem quase tanto musgo como o que foi durante muito tempo acumulado pela 1ª pedra do Centro de Estágio do Glórias na ETAR do Seixal. :)

Só hoje tive oportunidade de ver o jogo com a Udinese. O resultado foi injusto: justo teria sido uma vitória do Sporting pela vantagem mínima. Uma daquelas ocasiões em que teríamos gostado que a estatística se tivesse reflectido no resultado. E vai ser muito difícil virar o resultado na segunda mão, porque a Udinese vai jogar tanto ou mais na retranca que no 1º jogo.

O estilo de jogo praticado assemelhou-se muito ao do ano passado, com ênfase na circulação de bola, que, para esta altura da época, foi praticada com precisão não excepcional mas aceitável.

Daqui parto para a minha análise do plantel (há muito devida) e para as expectativas para esta época na Liga (não sendo a Taça uma competição de regularidade e não sabendo em que prova europeia iremos evoluir, por aí terei de me ficar).

Numa conferência de imprensa de há umas semanas atrás, Peseiro (julgo que aqui não se importarão que o trate pelo seu nome...) expôs com clareza apreciável modificações que pretendia adoptar no modelo de jogo: maior protecção do meio-campo recuado à defesa, menos jogadores à frente da linha da bola no ataque à baliza contrária, uma equipa mais rápida e mais elástica na circulação de bola, mesmo que sacrificando um pouco a certeza no passe.

Para esta estratégia bem daria jeito a Peseiro o tal extremo-esquerdo, Wender ou outro, para fazer companhia ao super-sónico Douala. Na ausência deste, Liedson é rápido e Deivid, não dispondo de grande pique, parece ser rápido a pensar e a executar. Bem calibrada, esta dupla pode revelar-se explosiva. Varela pode ser uma alternativa a qualquer destes, e Pinilla pode ser útil nos jogos em que seja requerida uma presença mais fixa na área. Quanto a Silva, o pistoleiro da pólvora seca é o pior ponta-de-lança a ter envergado o "jersey" verde-branco desde o João Luís do Viseu, e não é alternativa a quem quer que seja. Nani vi actuar por junto pouco mais de 45 minutos, parece-me ter características para médio-ala ou médio-centro mas não para extremo, vamos ver como é que evolui.

Possibilitando o leque de avançados algumas variações enquadráveis dentro das idéias do treinador, julgo que o verdadeiro nó górdio do sucesso da sua implementação estará no meio-campo. Sobre ele me debruçarei depois de verter breves palavras sobre a defesa e os balizeiros.

Para estes últimos um parágrafo chega. Ricardo é bom e parece (já não era sem tempo) empenhado em corrigir os seus conhecidos pontos fracos. Nelson e Tiago são fracos e não têm categoria para estar no Sporting.

Muitos sportinguistas parecem estar preocupados com a falta de classe dos defesas-laterais. Aqui não há vedetas, mas também é verdade que o Porto foi campeão europeu com o Nuno Valente... Não me parece que Miguel Garcia tenha grande futuro no Clube ou no futebol português, Rogério é aceitável. Edson, mesmo que esteja abaixo do nível mostrado há 2 ou 3 anos em Leiria, tem uma vantagem apreciável sobre a concorrência: é um especialista em bolas paradas, pelo que dos habituais tiulares já não teremos de depender da boa vontade e pouco acerto de Beto. Paíto está ao nível de Garcia, sofre de um bloqueio mental que temo ser irrecuperável. Tello é, depois de Silva, o pior jogador do plantel. Não é por de vez em quando marcar uns livres ou fazer uns bons cruzamentos que me consegue iludir mais.

Nos defesas centrais, Enakarhire deixa saudades, Hugo não. Temos agora 2 centrais macios (Beto e Polga) e dois mais físicos (Semedo e Tonel), mas está visto que jogarão os dois primeiros sempre que estiverem em condições. São irregulares, mas Semedo é inexperiente e Tonel parece-me não ter classe para ser titular. Oxalá me desminta.

E chegamos então ao meio-campo. Querendo Peseiro aumentar a velocidade de circulação e o risco nos passes, tem 2 jogadores para fazê-lo: João Moutinho, sem problemas, e Carlos Martins, se este conseguir vencer os seus próprios bloqueios mentais e o nervosismo e ansiedade que o impedem frequentemente de tomar as melhores opções, para além das constantes lesões musculares. Custódio e Loureiro servem como trincos, com características diferentes, Sá Pinto tenta mas o corpo não responde como ele quer. Rochemback habituou-nos à "habilidade" de correr 20 metros com a bola para entregar a bola a um colega colocado a 2 metros. Mesmo tendo-nos livrado (espero que de vez) de Hugo Viana, com as suas constantes voltinhas sobre si próprio, querendo ser titular no sistema que Peseiro pretende implementar, juntamente com Moutinho e um dos trincos, Rochemback deveria rever e adaptar a sua forma de jogar. O que me parece bem menos provável que recomendar nova limpeza do cólon ao "mister"...

Tal como no ano passado, considero o Porto favorito à conquista do título. Se o ano passado considerava que deveríamos acabar à frente do Glórias, este ano esta minha convicção é reforçada, tendo em conta a promoção que a imprensa está a fazer ao "mágico" Beto como o novo génio dos relvados portugeses. O Glórias tem um médio criativo que tem dias (Nuno Assis) e nenhum avançado para marcar golos com regularidade. Não sendo a filosofia de jogo de Koeman nem de perto tão cautelosa como a de Trapattoni, conto que logo à 3ª jornada tenhamos motivos para sorrir. :)

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Concordo com a injustiça com a Udinese, mas as espectativas este ano para o Sporting deviam ser mais elevadas pelo menos para os adeptos leoninos. tirando a LC, claro.

12:53 da tarde, agosto 18, 2005  

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